Momento Poesia - Bruxa
Nasci de uma bruxa que não lembraram de queimar!
De um pai misterioso: monstro ou mocinho?
Cresci em meio a conflitos
A sociedade me achou, e me desamparou,
O Estado não me protegeu!
Direitos humanos já existia, mas o que eu queria era os meus!
Conselhos salvador busquei, mas o que achei, fora só decepção;
o capitalismo já regia e o que prevalecia?
Filantropia ou mesantropia?
Há, parceiro, pior que Marx tinha razão: o capitalismo é o que gera seu próprio coveiro
eiéh e eu fui… taxada de meretriz
meretriz rima com imperatriz… i….eu resolvi virar o jogo
eu não nasci imperatriz, mas
tornei -me imperatriz! Para governar meu próprio império!
arrancaram minha voz!
Mas minha alma escancarou… gritou
o sangue em minha veia pulsou
eu repetia pra mim mesma
Ham, eu quebro esse tabu!
Eu vou mostrar pra esses putos
que a roda da vida gira e minha girou
Não nasci na década do varre, varre vassourinha , mas varri o chão da patroa que sujou.
O país que vai pra frente, ham, eu até vi o bolo crescer, mas o meu pedaço um monstro veio e devorou
haha, mas isso tudo não me atrapalhou!
Pensaram que eu não ia aguentar,
Que eu ia vacilar, mas meus olhos brilharam tanto que
Adaptei, -parceiro-;
porque eu tenho objetivo e preciso lutar!
Sem tempo pra estudar, achararam que ia me parar
Mas na cadeira do busão eu fiz o tempo parar
Li Fahrenheit 451, contos, textos , pdfs e;
Ao som de ProJota , Muleque de Vila, não vacila!
A arte me picou e não paro mais de escrever
Deus me deu cérebro para pensar, talento para escrever
Ousadia pra desafiar, coragem pra tentar, e força pra lutar
Deu fé em ambundâcia pra continuar!
Ieié ...é hoje é amanhã , é sempre resistir
porque….ieieieé...
Meu DNA é composto de(I) :
23 cromossomos de fé e 23 de resistência
no meu sangue tem sangue das bruxas, das escravas, das ama de leite
das negras, das faxineiras, das consinheiras, das costureiras, das mães , das mães solteiras,
das cantoras, das professoras, das escritoras…. Arh e das, das estrelas que já brilham lá no céu….
Eu nasci de uma bruxa e de um pai meio herói, meio vilão
provei do tempero do ódio
Estudei com a professora Escola da Vida
dissolvi meu coração nesta canção
isso, nem é a metade do que eu já passei
e(I) se hoje meu corpo cair ao chão
orgulho de mim sentirei;
ainda depois de morta escreverei
- “aqui regis os restos mortais de uma
guerreira que ainda está em campo de batalha”
porque… nasci de uma bruxa...
Composição: Fabíola Pereira