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Fabíola Pereira

Momento Poesia - Bruxa


Nasci de uma bruxa que não lembraram de queimar!

De um pai misterioso: monstro ou mocinho?

Cresci em meio a conflitos

A sociedade me achou, e me desamparou,

O Estado não me protegeu!

Direitos humanos já existia, mas o que eu queria era os meus!

Conselhos salvador busquei, mas o que achei, fora só decepção;

o capitalismo já regia e o que prevalecia?

Filantropia ou mesantropia?

Há, parceiro, pior que Marx tinha razão: o capitalismo é o que gera seu próprio coveiro

eiéh e eu fui… taxada de meretriz

meretriz rima com imperatriz… i….eu resolvi virar o jogo

eu não nasci imperatriz, mas

tornei -me imperatriz! Para governar meu próprio império!

arrancaram minha voz!

Mas minha alma escancarou… gritou

o sangue em minha veia pulsou

eu repetia pra mim mesma

Ham, eu quebro esse tabu!

Eu vou mostrar pra esses putos

que a roda da vida gira e minha girou

Não nasci na década do varre, varre vassourinha , mas varri o chão da patroa que sujou.

O país que vai pra frente, ham, eu até vi o bolo crescer, mas o meu pedaço um monstro veio e devorou

haha, mas isso tudo não me atrapalhou!

Pensaram que eu não ia aguentar,

Que eu ia vacilar, mas meus olhos brilharam tanto que

Adaptei, -parceiro-;

porque eu tenho objetivo e preciso lutar!

Sem tempo pra estudar, achararam que ia me parar

Mas na cadeira do busão eu fiz o tempo parar

Li Fahrenheit 451, contos, textos , pdfs e;

Ao som de ProJota , Muleque de Vila, não vacila!

A arte me picou e não paro mais de escrever

Deus me deu cérebro para pensar, talento para escrever

Ousadia pra desafiar, coragem pra tentar, e força pra lutar

Deu fé em ambundâcia pra continuar!

Ieié ...é hoje é amanhã , é sempre resistir

porque….ieieieé...

Meu DNA é composto de(I) :

23 cromossomos de fé e 23 de resistência

no meu sangue tem sangue das bruxas, das escravas, das ama de leite

das negras, das faxineiras, das consinheiras, das costureiras, das mães , das mães solteiras,

das cantoras, das professoras, das escritoras…. Arh e das, das estrelas que já brilham lá no céu….

Eu nasci de uma bruxa e de um pai meio herói, meio vilão

provei do tempero do ódio

Estudei com a professora Escola da Vida

dissolvi meu coração nesta canção

isso, nem é a metade do que eu já passei

e(I) se hoje meu corpo cair ao chão

orgulho de mim sentirei;

ainda depois de morta escreverei

- “aqui regis os restos mortais de uma

guerreira que ainda está em campo de batalha”

porque… nasci de uma bruxa...

Composição: Fabíola Pereira

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