Crônica - Rotina das Ideias
Está chovendo lá fora... O relógio apita por doze vezes: meia-noite. O espaço preso do lado de fora de minha janela é puro breu, e o som das gotas de chuva é abafado pelos ruídos do ventilador. Está calor... Bastante calor. Mas não posso me queixar. É verão.
O sono não chega, portanto rolo pela cama, de um lado a outro, sem rumo definido. Meus pensamentos alternam entre contar as horas que terei para dormir e calcular os afazeres do dia seguinte.
De repente, uma ideia estala em minha mente. Sinto as mãos coçando para que escreva. A tentação é enorme! Entretanto, tento me controlar e hesito. Se começar agora, não pararei tão cedo.
Mesmo assim, meu lado racional quase é vencido pela ansiedade de transmitir palavras. E se esquecer a ideia? E se na manhã seguinte ela não parecer tão boa? Isso não poderia acontecer!
Então, razão... Você perdeu de novo.
Levanto decidida, acendo a luz e tomo um bloco de papel nas mãos. Meus dedos dançam sobre as linhas, munidos de um lápis escuro que transcreve meus pensamentos alucinados. O tempo passa e eu nem noto.
Está chovendo lá fora... O relógio apita por tantas vezes que não posso contar. O encaro, incrédula. Três horas da manhã e lá estou eu, recontando as horas de sono, desligando as luzes e, enfim, rendendo-me ao sono.