Crônica - À Meio Caminho das Palavras
_ Desculpe agir assim.
_ Tudo bem.
Não. Não estava tudo bem.
Aquilo não fora um pedido de desculpas e tampouco a resposta era verdadeira. Estava mais para desencargo de consciência, e ambos sabiam...
Não era para a conversa encerrar assim, mas foi justamente assim que ela encerrou. Oca, vazia, ressoando palavras não ditas, instigando o gosto da mágoa.
Que estranho buscarmos complicar sempre as coisas! Sentimentos são confusos e, por vezes, tomam as rédeas de maneira completamente desnecessária. Completamente...
Somos tão vulneráveis quanto burros à mercê de atitudes que sabemos serem idiotas, guiadas por sentimentos que pouco se importam com o que seu cérebro diz. Afinal, que discorde e atire a primeira pedra aquele que nunca perdeu a razão à meio caminho das palavras e tropeçou em drama, discussão, lágrimas e, em seguida, quando conseguiu recobrar a sanidade, abraçou de bom grado a culpa...
“Que atire a primeira pedra!”
Mas ninguém atirou.