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Izadora Pedruzzi

Crônica - Três Palavras


O dia estava escuro. Nuvens pesadas pincelavam o céu aqui e ali, anunciando a chegada de uma tempestade, porém, para um jovem casal sentado em um banco qualquer no canto da rua pouco importava a possível chuva... Estavam vivendo seu próprio furacão.

A moça chorava, com os olhos vermelhos e as bochechas molhadas, as maçãs do rosto meio rosadas por culpa da raiva incontrolável que invadia seu ser. O rapaz, indignado, exclamava em tom considerável que o drama da situação era completamente desnecessário, e tudo parecia piorar com a carga excessiva de exageros expressa pela namorada.

_ Como pode pensar que fiz isso para provocar você? Sabe muito bem que sei dos seus gostos e desgostos como a palma da minha mão! Não perderia meu tempo com atitudes para te alfinetar. – os argumentos do menino de nada valiam. Pelo contrário! Cada palavra aparentava ser uma agulha afiada que, ao ser proferida, perfurava o coração da garota e a fazia chorar mais.

O problema? Olhares e sorrisos soltos por ele ao vento sem motivo, mas que para ela tinham destino certo, com nome, sobrenome e um cabelo loiro estonteante e liso.

_ É claro que a única coisa que penso é que faz isso para me provocar! Tenho certeza que era para ela que estava olhando! – as frases vinham salpicadas de rancores e mágoas antigas, costuradas na lembrança, impedidas até hoje de terem lugar em uma discussão.

_ Mas e se antes de desviar o olhar e sorrir, fosse o seu sorriso que eu estava olhando? – soltou o rapaz num sussurro. – E se me agradasse muito mais o brilho nos olhos que via antes dessas lágrimas chegarem?

Ela engoliu em seco.

_ Mas eu vi... – tentou.

_ E se o que viu não foi a verdade e sabe disso, mas o orgulho não te deixa baixar a guarda para pedir desculpas e resolver tudo do jeito mais fácil? – o tom de voz do rapaz estava aumentando.

_ Eu...

_ E se eu dissesse que odeio discutir a troco de nada e perder quase uma hora que poderia estar feliz com você tentando explicar um problema que sequer existiu com palavras inúteis e vazias? – agora eram as bochechas dele que estavam molhadas, mas por causa da chuva que começava a cair.

_ Mas...

_ Vou derrubar todos os seus argumentos em todas as brigas com apenas três palavras e você nem faz ideia de quais são, porque aparenta não se lembrar delas!

_ Três... Três palavras? – questionou a menina, secando o rosto inutilmente, ignorando as gotas que caíam do céu.

_ Está vendo? Não se lembra! Bem como imaginei!

_ QUAIS SÃO AS PALAVRAS? – exclamou a menina, irada.

Um trovão ribombou no céu. O rapaz ficou de pé, olhou pra cima e gritou:

_ EU TE AMO! – suspirou e olhou para ela. – Eu te amo, droga. Essas são as palavras.

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