Participação Especial - Neucilene Santos
Olá galera! Tudo bem com vocês? No post de hoje eu trago uma participação mais que especial dessa pessoa maravilhosa: Neucilene Santos! :3 Fiquei muito honrada quando recebi seu texto para ser publicado aqui no AdrenaLivros e é com muito prazer que o trago para vocês hoje. Agora, sem mais enrolação, uma boa leitura para todos e boas surpresas heheheh ;)
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Neucilene Carvalho dos Santos é casada, têm 26 anos de idade e mora na cidade de Castelo, região sul do Espírito Santo.
Meu nome é Paul
Meu nome é Paul, tenho 17 anos e hoje acordei bem cedo, animado com a festa de despedida do ensino médio. Minha mãe está orgulhosa de mim, fazendo planos para a minha faculdade ano que vem. Já passou minhas roupas para hoje à noite... Meu pai está lá no quintal lavando o carro - ele é um exemplo de homem pra mim - e minha irmã Suzi de 14 anos está preocupada, pois a partir do ano que vem não vou estar com ela no colégio.
O dia passa voando e então meu pai me leva para o local da festa. Meus amigos já estão todos lá, inclusive a menina no qual estou saindo alguma vezes. Ela vem direto em minha direção e me dá um beijo no rosto, a seguro pela mão e entramos para a festa, ela estava provocante com um vestido dourado. A despedida estava ótima e a todo momento ela me beijava, não desgrudava de mim e nem eu dela, até que um amigo meu me chamou para ir com ele até o banheiro. Quando chego lá, me apresenta uma amiga dele. De início não queria me envolver, pois já estava com outra, mas ela parecia bem mais atraente e não resisti.
Que magnífica! Seu beijo foi tão incrível que me fez perder o rumo. Fiquei eufórico, elétrico com ela... Saímos para fora e fomos direto para a pista de dança. Meu coração acelerava junto com a batida do Dj. Dançamos a noite toda sem parar, a noite passou tão rápido que nem vi e quando me dei conta já estava deitado em minha cama.
Minha mãe abre a porta e me olha preocupada: “você saiu com ela ontem né?”, referindo-se a menina que deixei sentada sozinha. Disse que sim, mas que não era nada sério... Então ela me pede para não me envolver mais com ela.
Os dias passaram e não vi mais a segunda garota, até a festa na casa do amigo que me apresentou a ela. Nosso segundo encontro foi melhor ainda, mas minha mãe não podia saber, se não gostava nem da primeira, que por sinal ainda saia escondido, quem me diz dessa... Dormi na casa dele e no dia seguinte ela não estava mais lá. Perguntei ao meu amigo onde poderia vê-la de novo, e ele disse que eu ia gostar muito mais de outra amiga que ele tinha, mas que só iria me apresentar em sua festa de aniversário daqui a um mês. Fiquei curioso, mas tive que me conter, e nesse meio tempo continuei com a primeira.
No dia do aniversário já fui sabendo que iria conhecer outra, mas estava um pouco receoso e ao mesmo tempo muito curioso. Ele veio me recebendo com abraço e "dizendo daqui a pouco ela chega, vai vir com uns amigos meus que moram em outra cidade".
Então eles chegaram, uns caras que eu nunca havia visto por aqui em nossa cidade, e meu amigo nos chamou num canto e fui apresentado a ela: branca, visivelmente simples e sem maldade. Ao conhecê-la, cheirei-a bem fundo e ela me levou a euforia! Quis cheira-la de novo, mas ela não podia ficar muito tempo... Quando saía de perto por alguns instante eu queria sentir de novo, até que ela foi embora e senti um vazio por dentro... Queria vê-la de novo. Meu amigo me disse que arrumaria um jeito de trazê-la até mim as vezes, mas eu teria que pagar sua viagem.
No dia seguinte eu queria vê-la novamente, então liguei para o meu amigo, que disse que a tarde estaria com ela no parque. Fiquei inquieto esperando, até que a tarde chegou e fui me encontrá-la. Como ela me alucinava! O cheiro era o que mais me atraia nela. Passei a vê-la todos os dias, mas todas as vezes tinha que pagar sua viagem. A questão é que valia a pena, afinal ela me fazia muito bem, e quando estava longe dela não conseguia nem dormir ou comer direito...
Minha mãe insistiu o início de ano inteiro para que eu começasse a faculdade, mas disse a ela que queria pensar melhor, que não estava com cabeça para decidir nada agora. Mas ela insistia, e me irritava! Eu só queria ficar tranquilo com minha nova companheira, no qual minha mãe nem fazia ideia da existência. Meus pais tinham uma condição financeira boa, então não me preocupei em como iria pagar as viagens dela. Minha mãe sempre me dava dinheiro quando pedia, então estava sempre a vendo, mas minha mãe começou a ver que eu não comprava nada e sempre pedia dinheiro... Menti que estava fazendo um curso, e ela acreditou, mas cada vez as viagens estavam ficando mais caras e se eu não pagasse, não a via. Ficava desesperado sem ela, depressivo... Não via a hora de encontrá-la! Mas cada vez ela cobrava mais. Fiquei com ela durante um ano e minha mãe nunca via certificado de curso. Me questionava quanto a minha saúde, pois estava muito magro e abatido, e qualquer coisa me irritava...
Até que um dia minha mãe me irritou tanto que briguei feio com ela. Joguei um copo que estava sobre a pia nela e saí correndo. Liguei para meu amigo, pois queria vê-la, mas dessa vez ele cobrou um absurdo pela viajem, então saí pela rua sem rumo, desesperado. Quando me dei conta não sabia nem mais onde estava! Até que um grupo de caras me parou e, vendo meu desespero, quiseram saber o que acontecia. Contei a eles, e riram de mim... "Tá assim por conta dela? Temos uma melhor pra você que vai te fazer esquecer dela rapidinho”. Neguei, pois não queria me envolver com outra, mas me convenceram, afinal eu era novo, homem, que mal teria conhecer mais uma?
Foi uma viagem o que fiz com ela! Suava, tremia... Minha alma saiu de mim! Mas, ao mesmo tempo, senti medo com ela. Saí correndo, mas uns caras grandes começaram a me seguir. Eles riam alto, tinham máscaras como do demônio no rosto e, quanto mais corria, mais eles chegavam perto de mim. comecei a gritar e um guarda me socorreu, dizendo que não tinha ninguém atrás de mim. Saí correndo de novo e eles voltaram a me seguir. Fui para a rodoviária e me encolhi num banco, tapando os ouvidos, pois eles gritavam muito alto e com um tom de voz horrível. As pessoas me olhavam como se eu fosse um louco, até que eles foram embora e dormi ali mesmo. Acordei zonzo, sem saber o que havia acontecido, mas aos poucos fui lembrando dessa outra que saí. Jurei nunca mais querer vê-la.
Fui para casa e, ao chegar, meu pai estava na sala. De imediato me agarrou pelo braço e me sacudiu. “Você viu o que fez com rosto da sua mãe?”. Me deparo com minha mãe com o rosto com curativos. Não consegui ver direito, pois ela saiu chorando de perto de mim. Meu pai me jogou com força no sofá e gritou que não iria me dar mais nenhum real. Me desesperei! Como iria vê-la? Senti raiva e fui para o quarto. Anunciei um monte de coisas que não usava mais: fones de ouvido, meu som, dvd, jogos etc. Fiz um dinheirinho bom e consegui vê-la por mais uma semana, mas logo o dinheiro acabou. Pedi a Suzi, já que minha mãe lhe dava uma mesada gorda, mas ela se recusou e ainda disse que estava desconfiada de com quem eu estava saindo, que iria contar para o papai e mamãe. Não liguei e a esperei sair para pegar todo o dinheiro dela, pois sabia onde o guardava.
Aos poucos fui vendendo tudo o que podia sem ninguém perceber, mas Suzi descobriu que peguei o dinheiro dela e contou para nossa mãe. Um dia, quando voltava do meu encontro, encontrei minha mãe aos prantos e meu pai me trancou no quarto, dizendo que eu nunca mais a veria. Tentei lutar com meu pai, mas não tinha forças. Me arrastaram para o quarto e me trancaram lá. Eu gritava, batia na porta desesperado, querendo sair. Tudo que me ofereciam para comer, não comia. Apenas queria ela, mais ninguém. Mas um dia consegui arrombar a janela e fugi sem ser visto. Fui desesperado para me encontrar com ela, mas não tinha dinheiro, então jurei que pagaria no outro dia.
Não paguei, mas fui prometendo a cada dia que a tinha, até que não aceitaram mais minhas desculpas e me deram um prazo. A primeira coisa que fiz para tentar aliviar a falta dela foi ir com que me causou medo e ao mesmo tempo prazer, mas aqueles homens me perseguiram de novo. Eram muitos agora, e com cães ferozes, enormes, falando coisas que eu não entendo... Vejo muitas luzes quando estou correndo, mas de repente elas somem e só ouço as vozes.
“Paul? Consegue me ouvir?" Abro o olho e vejo Suzi. “Por que dormiu na garagem?" Sinto medo de novo. Olho pros lados procurando os homens de máscaras, subo pro quarto correndo e meu celular toca. "Você tem que pagar hoje ou não vai mais vê-la". Digo para virem até minha casa às dez, hora que só tem Suzi em casa. Eles levam minha TV do quarto, cafeteira da mamãe que estava guardada... Tudo o que era pequeno e ninguém pudesse notar foi levado para pagar minha dívida. E então, ali mesmo, dentro da minha casa, ela entrou e veio ao meu encontro... Suzi ficou perplexa ao vê-la, entrou em desespero, chorando. Saí para fora com ela, para curti-la sem incômodos.
E mais um ano foi passando e não a deixei, e nem a que me causava medo, sempre ia vê-la também. Mas eu não tinha mais o que vender e um certo dia estava louco em casa. A única coisa que me veio à mente foi o cordão de ouro que minha avó havia dado à Suzi. Esse cordão pagaria várias viagens dela até mim! Mas não tinha como roubar escondido, pois minha irmã não o tirava do pescoço pra nada... Fui até seu quarto e pedi. De imediato disse que não me daria, pois já sabia que era para vê-la, além de ser uma lembrança da avó. Ela começou a falar e não parava mais, que já havia alertado a mãe sobre ela, e isso foi me irritando. Desci para a cozinha, mas minha irmã veio atrás me dando lição de moral. Só pedia a ela o tempo todo: “me entrega, Suzi, o cordão”, mas ela não calava a boca! Peguei uma faca na tentativa de amedrontá-la e fazer com que me entregasse o cordão, só que ela não se assustou e tentou tomar a faca de mim. Nisso que ela veio em minha direção, tentei cortar o fecho do cordão. Fui tão rápido... E consegui! Saí correndo imediatamente com a joia na mão, porque imaginei que ela gritaria para mamãe, que estava nos fundos da casa.
Depois de ter me saciado com ela veio a notícia: minha irmã Suzi morreu. O golpe de faca que dei para tentar cortar o cordão pegou a artéria dela... Chegou a ser socorrida, mas não deu tempo nem de entrar na ambulância. Mas deu tempo de dizer quando minha mãe perguntou quem fez isso... Fugi para uma floresta com ela, havia conseguido pagar dias com ela dessa vez com o dinheiro do cordão da Suzi. Não acreditei por um instante que havia matado minha irmã, até que fui ver o velório escondido. Minha mãe desmaiou, meu pai, inconsolável. Mas voltei para a floresta com ela.
Ela me fazia bem, e quando estava com ela, viajava pra outro mundo... Esquecia o que eu tinha feito. Passei uma semana assim, só com ela, nem comia nem bebia. Até que quis sair com ela e com a que me causava medo ao mesmo tempo. Ela aceitou, e nesse dia as duas me fizeram fazer coisas absurdas! Elas mandaram sombras correrem atrás de mim, tirei toda minha roupa e saí nu pela rua gritando, encontrei um mendigo deitado e comecei e atacá-lo, dei um soco em seu peito e em seu rosto, fazendo-o ficar desacordado. Então comecei a arrancar pedaços do seu rosto com a boca, mordendo-o feito um cão, até que policiais chegaram e com muito custo me imobilizaram. Fui levado para viatura e de imediato fui reconhecido por ser o assassino da minha irmã.
Vi meus pais pela última vez há cinco anos, desde que fui julgado, e a última imagem foram eles chorando. Recebo tratamento psiquiátricos na cadeia para tentar esquecê-las, mas ainda tenho ilusões de quando estava com elas. Tentei me matar várias vezes, mas me isolaram numa sela onde não tenho muitas chances de conseguir isso. Mas existem muitas vozes que falam comigo, não estou sozinho aqui. Mesmo sem elas, tenho o reflexo delas comigo, de todas elas...
Vou dizer o nome de todas, para, se um dia você as encontrar, nunca se envolver: álcool, êxtase, cocaína, LSD, cloud 9. Mas há muitas outras como elas...
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E então, galera, se surpreenderam como eu? Texto maravilhoso, não é mesmo? O mundo precisava lê-lo... Fica para todos o alerta: diga não às drogas! Diga sim à vida.
Muito obrigada, Neuci, por permitir que seu texto fosse publicado aqui no AdrenaLivros. Ficamos no aguardo, ansiosos por mais escritos!! ^_^
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Sexta-feira eu volto com mais conteúdo pra vocês, leitores! Até lá!
Beijos de luz,
Izadora Pedruzzi