Crônica - O Silêncio
O silêncio, muitas vezes, não me é muito agradável. Faz pensar mais que deveria, desesperar, afundar mais e mais no buraco negro chamado ansiedade e, como se não bastasse, faz sentir medo. Medo de ruídos que não existem, do sussurrar do vento que soa em minha janela, ou do ranger da porta que insiste em atormentar.
O silêncio é um companheiro cruel, pois evidencia nossa solidão. Não é como um livro que preenche a lacuna vazia da madrugada, ou como a música que invade o ambiente da forma mais encantadora possível.
Entretanto, ainda assim, às vezes escolho o silêncio. Por quê? Ah! Porque é sempre bom dar uma chance a mim mesma e ouvir a própria voz. Na verdade, talvez seja ela que me assuste tanto... Ou porque, no silêncio, busco ouvir a voz de Deus e de seus anjos.
Sinceramente, não há silêncio tão bom quanto a voz de Deus... É um silêncio que fala o que precisamos ouvir... Um silêncio quieto e barulhento, cheio de graça e luz... Um silêncio dotado de paradoxos indescritíveis que, muitas vezes, é a única coisa que preciso ouvir.
Bem, talvez devesse calar mais o mundo para dar ouvido aos silêncios de Deus... E quem sabe fechar os olhos para enxergar a paz que tanto desejo?!
É estranho... Calar para ouvir... Fechar os olhos para ver... Quer dizer, estranho não! Divino. Estranho é não entender...