Crônica - Sento-me ao muro...
Abro a porta e me acomodo, sentada no muro.
As nuvens cobrem de leve a lua, deixando-a fosca. Bem, ao menos julgo ser isso, já que esqueci meus óculos e, aparentemente, tudo a meu redor não passa de um completo borrão.
No céu, entretanto, deduzo realmente serem nuvens. O clima está úmido, o ar parece pegajoso. Um rosto me observa.
Sorrio para parecer simpática e encaro novamente a lua. Névoa parece sufocar-me, assim como sufoca o satélite. É estranho.
A escuridão vem chegando de mancinho e, quando me dou conta, quase já não posso ver as palavras que o lápis rabisca no papel, a medida que o guio, preso firmemente entre meus dedos.
Arrisco uma terceira olhadela para o céu. Não há mais nuvens, mas a lua parece pequena. Muito pequena. E distante... Muito distante...
Um cheiro metálico invade meus pulmões. Os mosquitos não dão trégua. A fome aumenta.
Resmungo em voz alta e decido entrar novamente.