Crônica - Abraço
Eu estava sentada sob aquela velha árvore, pensando na vida, perdida em devaneios, segurando firmemente as lágrimas, absorvendo o momento... Literalmente não estava na Terra. Ao menos não minha essência.
Meus olhos perdiam-se ao longe, minha visão parecia não enxergar um palmo a minha frente. Minha percepção de temperatura estava falha. Sentia-me flutuando...
Tudo estava longe. E eu me distanciava cada vez mais... Até que algo aconteceu.
Um calor inesperado invadiu minha pele. Um arrepio repentino passeou por minhas costas. Meu coração acelerou sem dó nem piedade.
Arregalei os olhos e recobrei os sentidos.
Demorei a entender, mas alguém me abraçava. De forma silenciosa, envolvera seus braços por minha cintura e puxara-me para junto de si, aconchegando o rosto por entre meus cabelos, apertando-me a medida que tremores iam e vinham por meu sistema nervoso.
Sorri, mas imediatamente comecei a chorar.
Que efeito anestésico era aquele, causado pelo abraço? Eu queria falar, mas não conseguia! Mal mal estava respirando... Minha pulsação atropelava meus próprios pensamentos, deixando-me à mercê de reações completamente perdidas.
Minha nossa, é só um abraço e... Espere! Um abraço não é só um abraço...
Foi então que eu entendi.
_ É por meio deste gesto! - sussurrei.
_ O quê? - quis saber quem me abraçara.
Fechei os olhos e me entreguei.
_ É assim que as almas se tocam...