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Izadora Pedruzzi

Crônica - Telefonema


Todos dentro de casa estão conversando, até que um som corta o ar e o silêncio se faz presente. É o toque de um telefone. Algumas vezes, todos se calam para prestar atenção à conversa alheia, outras, cessam as palavras apenas porque possuem coisas mais importantes a fazer que ficar bisbilhotando ou esperando seu companheiro estar disponível novamente. Papo vai, papo vem e aqueles poucos minutos seguem animados. O universo ao redor está ocupado apenas por uma voz, que soa em tom de exclamação ou dúvida. Enquanto isso, os demais integrantes da casa ocupam-se com outros afazeres. De repente, o silêncio se instala no local. A última coisa que se ouviu foi um "tchau", "Deus te abençoe" ou "beijos". E tudo faz-se silêncio novamente. O telefone é deixado de lado por algum tempo, enquanto o ser humano se adapta ao fato de que, na verdade, a conversa foi superficial, à distância, não passou de um mero falar. Não teve abraço, carinho ou aconchego. Não houve toque ou sequer troca de olhares. Mas mesmo assim foi especial... O silêncio é assustador. Há pouco tagarelava feito louco, mas agora está pensando. Sentindo saudades, talvez... Ou, quem sabe, sentindo apenas a falta de algo mais. Algo além do simples tom de voz, que certas vezes é modificado pelo telefone. Aos poucos, a rotina da casa volta ao normal. O barulho das várias vozes logo ecoa pelos cômodos, colidindo com as paredes. E isso segue animado até que, novamente, um som corta o ar e o silêncio se faz presente mais uma vez. É o toque de um celular...

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