Crônica - A Moça
Há várias luzes acesas nos muitos prédios logo adiante, mas em algum momento ficarei sozinha. Apenas meu quarto aceso.
Todas as noites observo os focos de energia se dissipando pela cidade, entretanto, continuo aqui.
Os sons também diminuem. Aos poucos, vão abandonando as ruas, deixando-me nas mãos do inebriante silêncio. Mesmo assim, permaneço de olhos abertos.
Às vezes, meu próprio respirar é o único resquício de ruído que chega à meus ouvidos, e isso me ajuda a pensar... Me auxilia no entendimento de que eu sou a moça do qual muitos julgam louca, com olheiras abaixo dos olhos castanhos, cheios de um brilho incompreensível. Eu sou a moça dos pensamentos longínquos, que luta para manter um pé na realidade e outro nos sonhos. Eu sou a moça que escreve recostada à janela, observando a vida alheia. Eu sou apenas uma moça... Sou apenas essa moça...